quarta-feira, 10 de abril de 2013

Um Pouco mais sobre Ontem

Já estamos em Tycocyn. São 9:30h.


Ontem tivemos a chance de conhecer Kazimierz, o bairro judaico de Cracóvia.Aqui, ao contrário de Varsóvia, as casas, sinagogas e praças permaneceram de pé. O motivo para isso: Os judeus do bairro foram obrigados a deixar suas casas e se estabelecer num Gueto no bairro de Podgorz. Os nazistas se apoderaram da cidade, histórica capital polonesa e fizeram dela o centro de seu governo de ocupação no país. Assim, as antigas construções, em sua maioria, sobreviveram à guerra e ao sadismo nazista que, em outros lugares, destruíram vilas e sinagogas somente para ver como queimavam.

Aqui, pudemos conhecer a vida judaica no seu esplendor. Conhecemos um pouco sobre o Remá (R. moisés Isserles), um dos principais sábios ashkenazim de todos os tempos e sua sinagoga. Vimos uma comunidade que prosperou e que influenciou quase todo o judaísmo que conhecemos hoje. Entramos nas diferentes sinagogas para aprender um pouco sobre suas histórias, suas tradições.

Um pensamento terrível: temos no Rio Grande do Sul uma pequena comunidade com cerca de dez mil membros que lá se estabeleceu somente há cem anos. Mesmo assim, contamos com vários clubes, diversas sinagogas, um colégio, grupos culturais e de dança, movimentos juvenis e centenas de empresas importantes na cidade que pertencem ou são administradas por este pequeno grupo.  Aqui, a comunidade judaica contava centenas de milhares, que aqui estavam há ao menos 800 anos, desde antes do Brasil existir. Somente podemos imaginar o número de colégios, grupos culturais, sinagogas e sua influência na economia e no desenvolvimento do lugar. E tudo isso desapareceu em apenas cinco anos. Dá uma medida da violência que hoje grita silenciosa nestas sinagogas e ruelas com nomes judaicos e com marcas de mezuzot nas portas.

Conhecer mais profundamente a vida judaica nos dá uma outra dimensão do que aconteceu aqui. Teremos a oportunidade conhecer também Tycocin no nosso último dia na Polônia - também uma chance de abrir uma janela para um mundo que não está mais aqui.

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