De qualquer forma, conto um pouco mais sobre o que fizemos hoje. Como vocês já sabem, estivemos em Massada e no Mar Morto. Em seguida fomos dar uma volta de camelo e conhecer o estilo de vida beduíno no Negev. Após passear de camelo e jantar, fomos a Arad, onde participamos de uma emocionante cerimônia.
Como comentei antes, aqui não há família que desconheça, com proximidade maior ou menor, a dor do Yom Hazikaron. Todo israelense tem um amigo, um primo ou mesmo um irmão que não voltará a ver. Ouvimos poemas e canções; ouvimos o discurso emocionado da prefeita da cidade; vimos no telão os relatos de famílias que conheceram de perto a dor de perder seus filhos, jovens com pouco mais de 18 anos. Praticamente toda a cidade participou da homenagem aos soldados que caíram na defesa de Israel ou em atentados terroristas. Especialmente foram homenageados os que mortos de Arad, que tiveram todos os seus nomes mencionados e fotos exibidas durante a cerimônia.
Essa é uma característica única de Israel. Aqui, não há monumento ao "soldado desconhecido". Todo soldado tem um rosto e um nome. Todo soldado tem pai, mãe, irmãos, amigos, filhos e filhas. Não é apenas um desconhecido. Cada um deles é lembrado.
Cerimônia de Yom Hazicaron em Arad
Voltamos à Kfar Hanokdim e fizemos uma fogueira. Ouvimos histórias, cantamos músicas e saímos um pouco para conhecer o silêncio do deserto e para descobrir um céu estrelado e de um azul profundo - muito diferente daquele que normalmente vemos na cidade, que apenas permite que tímidas faíscas sejam avistadas no lugar onde deveriam reluzir poderosas estrelas.
Fogueira em Kfar Hanokdim
Tenda Beduína
Yom Hazicaron é um dia muito especial aqui em Israel. Ainda falaremos mais sobre isso e sobre o dia que se segue: Yom Haatzmaut.
Publico abaixo um poema de Yehuda Amichai, em homenagem a Yonatahan Iachil (tradução livre):
Não temos soldados anônimos
Não temos soldados anônimos
Não temos uma tumba para o soldado desconhecido,
Aquele que deseja depositar um ramo de flores
Deverá desfazer sua oferenda
Em inúmeras pétalas finas
Multiplicá-las e dispersá-las ao vento.
Todos os mortos retornam a seus lares.
E todos eles tem nome,
E tu também, Yonathan,
Meu aluno, cujo nome está na lista de sua divisão,
Como também na que enumera os mortos.
Asim como você foi meu discípulo,
Fostes também dono de um nome,
Dono do teu nome.
A última vez que me sentei junto a ti
No caminhão que seguia por um caminho de terra
Próximo a Ein Guedi.
O pó se levantava e cobria nossas costas
E não se podiam ver as montanhas.
O pó que ocultava
o que viria a ocorrer três anos depois:
Agora.
Peço também àqueles que não o conheceram:
Amem-o também após sua morte,
Amem-o: ele é agora oco,
Um lugar vazio, cuja forma é sua forma
E cujo nome é seu nome.
Yehuda Amichai
Uma fogueira tão bonita e nenhum xirú véio pra fazer um churrasquinho de camelo ?
ResponderExcluirOlá a todos! Passar pelo acampamento Beduíno e dormir na barraca, no meio do deserto, é uma incrível experiência. A fogueira, a imensidão do céu, o brilho das estrelas,..., e o silêncio(?) são pontos também inesquecíveis dessa viagem.
ResponderExcluirQuero agradecer à Morá Sônia, ao Fernando Zatz, à Gabriela Korman e ao Moré Daniel,obrigada pela dedicação desde o início dos trabalhos da Marcha 2013. O trabalho de vocês torna essa viagem ainda mais espetacular.
Mas não posso esquecer da Morá Alícia - ela também faz a diferença não só pelo conhecimento mas pelo carinho e envolvimento com o grupo. Todá Rabá querida Alícia!
Bom dia!Aqui ainda é manhã, próximo ao almoço...
ResponderExcluirRealmente estas experiências inusitadas deixarão marcas profundas em todos vocês e, em especial, nos seus corações.
Abraços a todos!