quinta-feira, 11 de abril de 2013

De Tycocin a Lupochowa e da Polônia a Israel

Deixamos a Polônia. Ficaram para trás as placas nas estradas e ruas nas que ostentavam extensas palavras apinhadas de consoantes, carregando consigo seus "a cedilhas", "z cedilhas" e "l cortados". Agora nos cercam propagandas e outdoors escritos com letras milenares que fazem parte de nossa história, as mesmas letras de nossa Torá.

Escrever hoje, aqui em Israel, sobre o que passamos ontem na Polônia é como descrever uma realidade distante, distinta e avessa à que agora nos cerca. Mas, como fiquei devendo ainda postar sobre nosso último dia na Polônia, escrevo aqui um pouco sobre o que fizemos ontem, antes de seguir com outros posts sobre nossa já produtiva estada em Israel.

Ontem, bem cedo, deixamos nosso Hotel em Varsóvia e viajamos para o leste, em direção à pequena Ticocyn, onde outrora prosperava uma pequena comunidade judaica, com pouco mais de 2000 almas. Os judeus eram, em Tycocin, 70% da população do lugar. A aldeia era um autêntico "shteitl" próximo à fronteira com a Rússia.

Chegamos ao shteitl, e visitamos a sinagoga. Um prédio imponente, construído em 1642. Suas altas paredes de concreto branco contrastam com as pequenas e humildes casas de madeira que o cercam. Ainda hoje é possível perceber como funcionava essa próspera comunidade que ali viveu por mais de 500 anos.

Sinagoga de Tycocin

No interior do prédio, fomos cercados de coloridas paredes nas quais estão gravados vários trechos da reza. Cantamos e dançamos, contagiados pela vida judaica que ali havia. Fizemos uma roda de dança, revivendo a alegria que certamente preencheu o local por centenas de anos. Imitamos o mais famoso leiteiro do mundo, símbolo do Shteitl e sua tradição.

No interior da sinagoga de Ticocyn

De lá, fomos até o bosque de Lupochowa, nas proximidades da cidade. Marchamos, sobre uma espessa camada de neve, pela tranquila floresta até as clareiras criadas pelos nazistas e onde se encontram enterrados, em uma vala comum, todos os membros da comunidade. Em único dia, 25 de Agosto de 1941, os nazistas levaram todos os judeus da cidade até a floresta, onde foram despidos, fuzilados e atirados nas valas comuns. Em um único dia, 500 anos de vida judaica foram destruídos, sorrisos de crianças silenciados, sonhos e esperanças despedaçados.

Na Floresta de Lupochowa

Caminhamos pela fria floresta, reconstituindo os amargos passos dos judeus de Ticocyn. Ao lado das valas, recitamos um salmo e ouvimos relatos transcritos dos poucos sobreviventes que escaparam deste massacre. Lá fizemos uma cerimônia em memória de suas almas. Uma maneira de manter vivo seu recordo e de tudo o que aconteceu aqui. Nos unimos em torno das valas e recitamos um Kadish.

Abaixo compartilho com vocês um vídeo que acompanha esse nosso doloroso caminho de Tycocin a Lupochowa, da alegria para o silêncio.



2 comentários:

  1. Queridos esse filme curtinho foi muito emocionante, tanto quanto o de Maidanek. Achei mto lindo a daça e a alegria na sinagoga e a caminhada pela floresta foi de "cortar" o coração. Mas vocês são a melhor e mais linda prova que AM Israel Chai!!! Obrigada por mais essa emoção.

    Daniel, foi maravilhoso, obrigada especial a ti.
    Família Fischer-Friedman

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    1. Obrigado Vivian.
      Já está no ar o último vídeo, sobre Treblinka.
      Shabat Shalom!!!

      Com carinho,
      Daniel

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