domingo, 7 de abril de 2013

Majdanek

Hoje, pela manhã, estivemos em Majdanek. Pela primeira vez, vimos de perto a crueldade da máquina nazista. Centenas de milhares de pessoas foram assassinadas neste terrível campo de extermínio. O campo ficava a poucos quilômetros da cidade de Lublin, fato que nos impressionou: as pessoas estavam muito próximas e podiam ver de suas casas na cidade o que ocorria no lá, podiam perceber de seus lares o terror do campo em seu quintal.

O idioma carece de palavras para descrever essa barbárie, já que a língua se presta a descrever aquilo que pode ser concebido pelo ser humano, ainda que há no imaginário; aquilo que pode ser vislumbrado pela razão ou que, ao menos, tangencie a razão. Majdanek não pode ser descrito em palavras - não em palavras humanas.Ouvimos os depoimentos de sobreviventes. Alina Birenbaum - que passou seus últimos momentos na companhia de sua mãe neste campo. Ouvimos sobre a dor de todos os dias. Sobre as insanas e sádicas ordens - totalmente aleatórias e ilógicas - dadas por oficiais, somente para causar sofrimento (ou morte) aos prisioneiros judeus. Ouvimos as histórias de quem, aqui, viu pela última vez a sua mãe, seu irmão, seu filho.


Entrada do Campo

Cerca

Sapatos

Fornos Crematórios

Entramos num pavilhão. Toneladas de sapatos empilhados por todos os lados. Cada par representa uma pessoa - uma vida. Sapatos de crianças. Sapatos grandes e pequenos, de todos os tamanhos. Quem os haverá calçado? O que foi de suas vidas?

Vimos a proximidade do campo com a cidade - os cidadãos que assistiam passivos ao massacre que ocorria diante de seus olhos, que sentiam o odor fétido da morte e percebiam as cinzas que emanavam do campo. Vimos as câmaras de gás, os alojamentos (verdadeiras armadilhas, onde a fome, a doença e as condições precárias eram cúmplices silenciosas dos nazistas em sua matança). Vimos o local onde os nazistas profanavam os corpos, a procura de dentes de ouro ou jóias que, eventualmente, a vítima poderia ter engolido na esperança de usá-la no futuro para subornar um guarda ou para conseguir um pedaço de pão. Nem mesmo após a morte podiam deixar que descansassem em paz.
Vimos também os fornos crematórios - destinados a reduzir um ser humano à nada.

Fizemos uma breve cerimônia. Recitamos o E-l Malê Rachamim e o Kadish. Por um momento, nos conectamos espiritualmente com todos aqueles que passaram por aqui.

Num extremo do campo há hoje um monumento com as cinzas de milhares dos mortos de Majdanek. Ali nos unimos, nos abraçamos. Dividimos um momento muito intenso. 

Isso tudo aconteceu. E hoje estamos aqui, diante de tudo. Apesar de tudo. Daqui, deste lugar triste, de dor e de morte, levaremos lições para a vida.


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